sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Consciência moral jovem

Os trens, diariamente são palcos de “feiras ambulantes”. Objetos comuns e “revolucionários” no mercado: canetas com calendário embutido; cigarrinhas, que me parecem ser apenas dois pedaços de imã, ou objeto semelhante que, ao ser lançado para cima produz um barulhinho semelhante ao de uma cigarra; revistinhas de Como falar bem, Aprenda Matemática e Aprenda Português... Uma dupla muito simpática com seu repente nordestino comercializando seus CDs “Se vocês não levarem, o guarda leva” e etc.

Hoje presenciei uma cena muito desagradável e infelizmente comum no cotidiano.

O trem não estava lotado, contudo, os bancos estavam ocupados e havia algumas pessoas em pé. Um senhor, então, se dirigiu ao assento reservado que estava sendo ocupado por um jovem e solicitou-lhe com delicadeza o lugar. O jovem simplesmente o ignorou. O senhor, meio sem jeito, solicitou o assento novamente, lhe indicando a plaquinha de Assento reservado. Desta vez o jovem respondeu. Segue diálogo travado, pelo que eu lembro:

Jovem: Eu pago tarifa, como o senhor, posso sentar onde eu quiser!

O senhor revidou: Você vai sair daí, por que aí é meu lugar, eu tenho direito!

J: Vem me tirar então!

S: Eu vou tirar você sim, vou chamar o segurança!!

J: Vai lá então.

No instante, cerca de 3 ou 4 pessoas se levantaram, oferecendo seus lugares ao senhor.

S: Eu não vou sentar não, obrigado, é ele que tem obrigação de levantar, eu tenho esse direito. Tenho setenta anos, marca-passos e ele jovem tem que me dar o lugar.

Seguiu-se grande discussão entre ambos. Enquanto isso, todos riam do indefeso senhor.
Achei tudo isso um abuso, uma grande falta de respeito. Enquanto o certo é as pessoas com mobilidade reduzida entrarem no transporte público e já serem abordadas por pessoas que se oferecem para ajudá-las, liberando o assento, não, o que acontece é que as pessoas necessitadas acabam tendo que buscar um lugar para sentar e ainda serem gentis e educados para poder conseguir o que é de seu direito.

Com certeza eu advogaria em defesa do senhor. O jovem mostrou-se completamente deseducado, com falta de respeito ao seu próximo. E isso me deixa horrorizada (pra não falar PUTA).

Isso só reflete uma pequena parcela do que vivenciamos, e muitas vezes colocamos em prática no nosso dia-a-dia.

Espero que fatos assim possam, ao menos conscientizar-nos sobre a falta de ética, moral, respeito e solidariedade, para quem sabe um dia, possamos fazer deste mundo, um lugarzinho melhor.

E um tempo após tal fato, uma senhora bradou “Meu filho está morrendo”. No momento várias pessoas se levantaram e dirigiram seus olhos até a fonte da voz, buscando saber o que ocorria. Bando de curiosos que apenas olham, lamentam (ou riem) (d)o fato e que nada fazem para ajudar. É como ver acidentes em estradas, rodovias de alta circulação de veículos, onde quem para, geralmente quer somente saber o que está acontecendo e muitas vezes só mais atrapalham o trabalho de entidades competentes e pessoas que estão ali para AJUDAR.

A senhora desceu na estação seguinte.
A vendedora de “cigarrinhas” passou, tentando arrumar dinheiro para sobreviver.

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